Os Rituais e Estilos de Vida dos Scientologists

Hubbard é chamado Fundador pelos seus seguidores. Isto coincide com uma distinção importante feita em estudos comparativos entre religiões «fundadas» e «étnicas». As primeiras definem as suas origens a partir de uma pessoa, mesmo quando ela própria não pensou tê-la fundado (Jesus, Confúcio, Lao Tsé). As segundas não têm nenhuns nomes para serem lembrados, tendo em vez disso tradições étnicas orais. Um processo necessário na construção de qualquer religião fundada acontece, quando um círculo de adeptos aparece e se reúne em torno do seu mestre, e está pronto a segui-lo. Quando vários indivíduos decidiram fundar a Igreja de Scientology em 1954, L. Ron Hubbard tornou-se naturalmente o seu líder espiritual. Depois de ter decidido afastar-se dos seus deveres como diretor da Igreja em crescimento, o estatuto de Fundador tornou-se lendário com a passagem do tempo.

O momento muitas vezes crítico que se segue à morte física de um fundador de uma religião, não foi muito problemático na história de Scientology, porque Hubbard tinha cedido as suas funções formais como líder da sua Igreja durante a sua vida. Antes de ter falecido em 1986, o Fundador já era venerado e tinha-lhe sido dedicada uma sala em cada Igreja de Scientology em todo o mundo. Como quer que tenha acontecido, este tipo de processo, numa comparação religioso-fenomenológica, mostrou ser um dos elementos essenciais na formação de qualquer religião, mais antiga ou mais recente, que considere ter sido fundada por alguém.

Embora as igrejas, missões e outros centros e sedes de Scientology indiquem os símbolos de um ambiente social funcional, eles incluem sempre um lugar de culto, um espaço sagrado para devoção semanal e cerimónias familiares. O espírito do Fundador, que de acordo com as Escrituras de Scientology sobre a sobrevivência humana, está presente, mesmo depois de «L. Ron Hubbard ter deixado o seu corpo» por altura da sua morte em 1986, é expresso através de muitos dos seus livros e fotografias.

A Igreja de Scientology tem a sua própria mitologia relacionada com a vida e os ensinamentos do seu Fundador. Também tem o seu próprio calendário anual para comemorar os aniversários da vida do Fundador e da história da Igreja.

A Organização do Mar (ou Sea Org) é uma ordem especial que foi fundada em 1967, quando o Sr. Hubbard decidiu retirar-se do seu posto como Diretor Executivo da Igreja, para se concentrar no seu trabalho literário a bordo de um navio. Aqueles que foram os seus primeiros seguidores tornaram-se o grupo nuclear da recém-criada religião. Com o passar do tempo, este grupo tornou-se um modelo mítico a ser observado e respeitado como núcleo central dos membros mais devotos da Igreja. Todos os membros da Organização do Mar trabalham a tempo inteiro para a religião, servindo-a como staff das Igrejas do nível mais elevado. Evidência da sua dedicação é o contrato de emprego na Organização do Mar «para os próximos mil milhões de anos».

Este tipo de ordem religiosa lembra, em muitos aspetos, um dos círculos dos discípulos que se juntaram à volta de fundadores de religiões do mundo, tais como Jesus ou Maomé, ou a ordem monástica dos monges à volta Príncipe Gautama, quando ele se tornou Buda. É uma manifestação muito específica da mitologia e do simbolismo religioso. Como tal é um dos critérios em que baseamos a nossa conclusão de que a Scientology é uma religião nova.

É típico, os membros da ordem religiosa da Igreja, formarem juntos uma espécie de família alargada que dedica a maior parte do seu tempo ao trabalho para a Igreja e dentro dela, cuidando simultaneamente das necessidades diárias e económicas uns dos outros, e mesmo dos seus filhos. Este tipo de estilo de vida é tão abrangente que os membros da Organização do Mar normalmente formam famílias entre si. O habitual uniforme de marinheiro, usado pelos membros da Organização do Mar, é um importante fator unificador, tanto a nível emocional como social.

A maioria dos membros da Igreja são paroquianos que participam em audição, cursos e outras contribuições da Igreja de Scientology, mas vivem e trabalham fora da Igreja. Eles vêm de todos os estratos sociais. Fazem parte da congregação local e comunidade religiosa de Scientology e, em diferentes graus, orientam as suas vidas à volta de Scientology como sua religião. Eles vivem segundo os códigos de ética e standards de Scientology, aplicam os princípios e métodos de Scientology nas suas vidas e educam os seus filhos para viverem e agirem como Scientologists.

Miticamente, esta ligação espiritual através dos ensinamentos de Scientology ultrapassa os limites normais da existência humana. Em vez de reencarnação, ensinada, por exemplo, pelo Hinduísmo e Budismo, a Scientology desenvolveu uma doutrina especial de «vidas passadas». Os Scientologists podem conhecer as suas vidas anteriores, por exemplo durante a audição, ao avançarem na direção dos estados de Clear e Thetan Operante, e a harmonia da mente, alcançada como passo final no caminho do esclarecimento espiritual em Scientology, faz lembrar a iluminação budista.

A Igreja de Scientology ordena ministros, depois de terem realizado um curso específico de educação para ministro. Os ministros treinados e ordenados, tanto homens como mulheres, têm a seu cargo os rituais de acordo com os manuais de ritual. Os atos sagrados importantes abrangem tanto os procedimentos relacionados com o serviço semanal da igreja, aos domingos, como os «ritos de passagem», que lidam com os momentos chave do ciclo da vida humana. A Igreja de Scientology tem sido precisa neste assunto, criando vários modelos para cerimónias de atribuição de um nome, casamentos e funerais com exemplos de sermões dados pelo Fundador.

VII. O Papel de Scientology na Troca de Religiões
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