Quando estudante da Ciência da Religião, trabalhei durante vários anos no campo da religião comparativa. Sou adepto de uma igreja calvinista, mas como académico que tem de fazer uma análise objetiva, independentemente das minhas próprias convicções religiosas, a minha própria consciência pede-me que seja objetivo. Assim, toda a subjetividade tem de ser examinada à luz da circunstância mais ampla em que temos de agir. Seria enganador se apresentássemos meramente as nossas próprias normas, e em qualquer estado em que é permitida liberdade religiosa essa abordagem poderia ser muitíssimo perigosa.

Qualquer discussão que se centre à volta das várias ênfases imanentais e transcendentais de Scientology é difícil de compreender se tivermos um conhecimento imperfeito de religiões orientais, especialmente do budismo, que funciona como religião na África do Sul. Há que considerar outros aspetos, tais como a preocupação com a sobrevivência física e espiritual e a «Força Vital» ou «Ser Supremo» e a importância daquela «força» que não é parte do universo físico; e a importância da comunicação nas relações humanas e o homem como um ser espiritual.

Não há absolutamente nenhuma contradição quando se diz que Scientology é «uma filosofia religiosa aplicada de vida e um corpo de conhecimento sobre o Homem e a sua relação com o universo, com os seus semelhantes. Defende que o Homem é inerentemente um ser espiritual e imortal». O estudo de religião poderia ser feito de vários ângulos, tais como a psicologia da religião, sociologia da religião, geografia da religião, incluindo ecologia e religião, ética da religião, etc.

Quem dá mais valor à prática religiosa se quer compreender «o enigma da existência?» Será o cristianismo? Ou será que procura isto no que as Escrituras dizem sobre o Homem e o significado da sua existência? Poderíamos praticar uma religião sem fazer perguntas acerca da nossa existência. Não será esse o grande problema com que Søren Kierkegaard se debateu a respeito da igreja formalista do seu tempo?

Ao analisar as obras de Scientology não temos nenhuma dúvida de que tem características religiosas muito definidas e que é de facto uma religião.

Ao analisar as obras de Scientology não temos nenhuma dúvida de que tem características religiosas muito definidas e que é de facto uma religião. Alguns teólogos cristãos têm defendido que o cristianismo não é uma religião, mas sim uma fé. As igrejas pentecostais enfatizam frequentemente que o que elas professam não é uma religião, mas que se relaciona com a sua crença/fé em Jesus Cristo através do mundo do Espírito Santo. Isto significa que elas não pertencem à religião cristã. Elas rejeitam as «religiões» das igrejas estabelecidas — i.e., a ênfase em atos formais exteriores e uma repetição de credos.

De forma semelhante, L. Ron Hubbard diz que Scientology não é uma religião neste sentido. Ele informa que Scientology não é a mera repetição de um ritual ou a execução de certos atos ditos religiosos. Está relacionada com a situação existencial do indivíduo e assim «dá liberdade e verdade ao indivíduo». A religião de uma pessoa poderia ser enganadora e falsa se não se relacionasse com os problemas mais profundos da sua vida. Esta é uma razão (e importante) por que a Europa Ocidental descartou a religião de uma igreja apóstata, e este processo até chegou a algumas das igrejas mais conservadoras.

Scientology diz honestamente que foi influenciada por várias fontes. Muitas religiões foram influenciadas desta forma. O hinduísmo, por exemplo, é o resultado de Arianos Védicos e das religiões indígenas da Índia. O islão foi influenciado pelo judaísmo, o cristianismo e a religião indígena da Arábia Saudita.

Scientology faz uma importante declaração: «O espírito então, não é uma coisa. É um criador de coisas.»

Scientology faz uma importante declaração: «O espírito então, não é uma coisa. É um criador de coisas.» Aí está então uma forte ênfase no aspeto metafísico da vida. Em Scientology, o homem é um «ser imortal». O pensamento budista, que é aceite por milhões de pessoas no ocidente, prevalece na afirmação de que «o thetan é a pessoa. Você é VOCÊ num corpo.»

L. Ron Hubbard estudou muitos aspetos da existência humana e os seus estudos incluem uma análise do que acontece com o espírito humano na morte:

«Alguns factos, no entanto, são completamente conhecidos. O primeiro destes é que o próprio indivíduo é um espírito a controlar um corpo através de uma mente. O segundo é que o thetan (o espírito) é capaz de criar espaço, energia, massa e tempo. O terceiro destes é que o thetan é separável do corpo sem o fenómeno da morte e pode manobrar e controlar um corpo estando bem exterior a este. O quarto é que o thetan não está interessado em lembrar a vida que acabou de viver, depois de ter partido do corpo e da mente. O quinto é que uma pessoa ao morrer exterioriza-se sempre. O sexto é que a pessoa, tendo-se exteriorizado, geralmente volta a um planeta e obtém, normalmente, outro corpo do mesmo tipo ou raça que o anterior.»

Teorias semelhantes são aceites por muitos povos religiosos no ocidente. Em Scientology, L. Ron Hubbard expõe uma teoria de que a vida consiste numa conquista do universo material pelo espiritual.

Teorias semelhantes são aceites por muitos povos religiosos no ocidente. Em Scientology, L. Ron Hubbard expõe uma teoria de que a vida consiste numa conquista do universo material pelo espiritual. Isto é expresso em termos de uma conquista de «mest» (uma palavra composta que significa Matéria, Energia, Espaço e Tempo) por «Theta» (que significa força vital, élan vital). A luta de theta com mest não é incomum no cristianismo — só os termos são diferentes. O Apóstolo Paulo escreveu significativamente acerca desta luta.

Em Scientology, há uma enorme ênfase na importância de relações humanas; L. Ron Hubbard enfatiza repetidamente a importância da comunicação nelas. E parte da ênfase de Scientology «no lado humano da vida, e nas relações pessoais, é que ela considera ser mais importante do que fazer». Scientology não é de modo nenhum uma mera disciplina funcional, mas é uma religião que defende a importância vital do estado de ser do homem.

Scientology é por vezes caracterizada como mero funcionalismo, mas a importância de «beingness» refuta esta avaliação incorreta. Embora ao observador casual possa parecer que poucos Scientologists têm um conhecimento profundo de Scientology como um corpo de pensamento, isto, de facto, não é uma observação exata. E em qualquer caso, será a percentagem do cristianismo mais alta no que respeita à doutrina da igreja como um corpo de pensamento? Será que o cristianismo não enfatiza sobretudo assistir aos serviços da igreja, dar ajuda financeira, envolver-se em várias atividades — mais do que compreender e estudar as escrituras e orar e meditar?

Scientology afirma ser uma religião: Nas palavras do seu Fundador, L. Ron Hubbard, «a palavra “religião”, em si mesma, pode englobar tradição sagrada, sabedoria, conhecimento de deuses, almas e espíritos, e a isso, usando a palavra de uma forma muito livre, poderia chamar-se uma filosofia.»

«Scientology transporta uma tradição de sabedoria que se ocupa da alma e das soluções dos mistérios da vida.»

«Scientology é uma religião no sentido mais antigo e mais lato. Quem quer que ouse tentar fazer da religião exclusivamente uma prática religiosa e não uma sabedoria religiosa estará a negligenciar os próprios antecedentes do cristianismo.»

L. Ron Hubbard explica o Ser Supremo com o termo «Oitava Dinâmica», que é «o impulso para a existência como infinito. Isto também é identificado como “O Ser Supremo”.» Não será a Oitava Dinâmica, «o impulso para a existência como infinito», uma afirmação muito mais forte sobre o Ser Supremo, do que a que é feita por aqueles que no cristianismo negam a ressurreição de Jesus Cristo, que negam a continuação da existência do homem na vida depois da morte sob qualquer forma?» Estas pessoas pertencem a igrejas e algumas até são saudadas no ocidente como teólogos cristãos proeminentes. As suas ideias, e as igrejas que propagam ou aceitam as suas teorias, precisam de ser diretamente confrontadas por qualquer pessoa que faça um estudo comparativo das diferenças entre o ponto de vista de divindade de Scientology e o de outras igrejas.

Scientology afirma ser uma religião não-denominacional:

«Scientology não tem dogmas religiosos ou credos. Os seus princípios são baseadas em verdades óbvias. A aceitação destas verdades é deixada completamente ao livre-arbítrio do indivíduo.»

O hinduísmo também afirma incluir todas as religiões. Isto também se passa com movimentos de reforma específicos como a Sociedade Vida Divina e os Movimentos Ramakrishna. Este facto não os torna menos religiosos. Porquê mencionar casos isolados de reação de Scientologists contra o cristianismo? Poderíamos mencionar os chamados cristãos tolerantes que reagem contra qualquer forma de expressão cristã que não a sua, tal como quando um Católico Romano se casa com um membro da Igreja Anglicana ou da Igreja Holandesa Reformada.

Porquê trazer o argumento de um Deus pessoal? O panteísmo no hinduísmo não acredita num Deus pessoal. Nem é este o caso no deísmo. O budismo identifica o eu com o Nirvana, o Absoluto, que não é nenhuma entidade pessoal. Mas o Ser Supremo de Scientology tem atributos teísticos definidos.

Porque é que Scientology não havia de poder falar acerca de uma pessoa ter o divino dentro de si ou mesmo acerca de «realização de Deus» — uma palavra que Scientology nunca usa mas que é acusada de praticar — enquanto o hinduísmo pode usá-la e enquanto esta religião sugeriu ter santos «realizados em Deus» no seu seio na África do Sul, por exemplo? Scientology tem no entanto o cuidado de não ir ao extremo de realização de Deus, mas aceita o aspeto metafísico chamado a Oitava Dinâmica como ativo na vida de um ser humano.

A palavra «igreja» no original grego quer dizer uma assembleia política. A palavra igreja é usada na África do Sul para descrever a Igreja do Nazareno que não aceita Jesus Cristo como senhor e salvador, tal como as testemunhas de Jeová, os mórmones e teosofistas e unitários. Consequentemente não podemos aceitar uma definição estreita da palavra «igreja». Não é um termo patenteado.

Se os principais atributos da Igreja Cristã são «unidade espiritual» e «universalidade», porque é que uma Igreja Anglicana não aceita outra à mesa da comunhão? Ou porque é que a Igreja Holandesa Reformada exclui a Igreja Católica Romana? No que diz respeito ao uso da disciplina da igreja para a correção de pecado, os luteranos não mencionam isso como a marca da verdadeira igreja. Nem os anglicanos nem os metodistas.

Se esta definição calvinista predomina hoje em dia, então em 1985, quando a Igreja Católica Romana será a Igreja mais representativa na África do Sul, se os desenvolovimentos continuarem como se revelaram de 1961 a 1970?

O censo de 1970 indica o seguinte: De uma população total de 21 402 470 na República da África do Sul, 3 329 740 pertenciam às três Igrejas Africanas, 2 151 840 à Igreja Metodista, 1 844 270 à Igreja Católica Romana, 1 676 800 à Igreja da província (um pequeno número destas à Igreja de Inglaterra), 884 000 às Igrejas Luteranas, 454 460 às Igrejas Presbiterianas, 349 790 à Igreja Congregacional, 276 120 às «Igrejas Separatistas» e 2 042 160 aos «Outros Grupos Cristãos», muitos dos quais são «separatistas». A Igreja Católica Romana aumentou 777,6% entre os africanos e mais ou menos o mesmo entre os brancos de 1961 a 1970. A Igreja Holandesa Reformada diminuiu de 43% da população branca em 1961 para 39% em 1970.

Como membro de uma Igreja Calvinista estes números incomodam-me, mas como um académico estes números enfatizam o facto de que na África do Sul já passou o tempo de assumir um ponto de vista unilateral que é interpretado como arrogância e que conduz à reação. Isto já se vê nas igrejas não-brancas.

Com que base é que se poderia dizer que o atributo de santidade não é evidente na Igreja de Scientology? Podíamos entrar aqui em pormenores que dão uma má imagem de algumas das igrejas e corpos que são aceites como igrejas.

Porque é que Scientology há de satisfazer os requisitos daquilo que alguns descrevem como uma «verdadeira igreja»? Porque usa a palavra «igreja»? Os mórmones e outros movimentos não-cristãos como os unitaristas também usam esta palavra, e o mesmo acontece como as testemunhas de Jeová e a igreja do Nazareno onde Jesus mal é mencionado.

Os quakers não usam a Bíblia como Escritura, mas também podem ler dela, bem como de qualquer outra escritura.

Os sermões em muitas igrejas são de natureza ética; alguns até são lições de economia, outros de política, (será que Scientology poderia ser acusada de alguma diatribe política subversiva nas suas igrejas?), outros de etiqueta e questões sociais. Há muitas igrejas cristãs que não fazem alusão nenhuma à Bíblia em muitos dos seus sermões.

Que o homem é basicamente bom é uma das principais acusações contra o Credo da Igreja de Scientology. Então e as muitas igrejas pelagianas no ocidente?

A cerimónia de batismo de Scientology tinha sido criticada por não ser um serviço de batismo cristão. Porque é que havia de ter alguma coisa em comum com a Igreja Cristã? É isto que se passa com as testemunhas de Jeová, com 2 milhões de membros da Igreja Kinbangu no Zaire, onde em vez de batismo, as mãos são colocadas nos iniciantes para receber o Espírito Santo.

Sem Cristo não pode haver nenhuma igreja cristã. Mas «igreja» é um termo muito mais amplo do que igreja cristã no contexto de religião.

Os metodistas dizem que o homem é basicamente bom. Os protestantes também diziam. Os anglicanos e outros também.

Scientology tem sido criticada por não ter um redentor transcendental, infinitamente compassivo. Nisto, Scientology não é diferente das testemunhas de Jeová, dos unitaristas, teosofistas e outros.

Porque é que se há de requerer a Scientology que mencione Jesus Cristo como Libertador do pecado? A igreja do Nazareno perto de Durban não proclama Jesus Cristo como libertador do pecado e no entanto é aceite como igreja. Muitos dos novos movimentos religiosos, reconhecidos como igrejas, enfatizam o automelhoramento, e isso é enfatizado mesmo em algumas igrejas estabelecidas há muito tempo.

Porque é que se há de requerer que Scientology estude a «Palavra de Deus»? Ela não pretende ser uma igreja cristã, mas não se opõe nem rejeita o cristianismo como acontece com algumas outras religiões estabelecidas neste país. Como um movimento, ela não trata o cristianismo com desrespeito.

A visão de que a verdade, sob a forma de Jesus Cristo libertador, liberta uma pessoa é um ponto de vista cristão que eu pessoalmente subscrevo mas que algumas igrejas e teólogos liberais não aceitam. Considera-se que Jesus Cristo é um mero exemplo; ele nunca ressuscitou. Ele morreu e permaneceu na sepultura — conforme os teólogos existencialistas. Porque é que se há-se requerer que os Scientologists subscrevam uma teologia conservadora?

O Sr. Hubbard foi acusado de tentar usurpar o lugar de Cristo, mas toda a filosofia secularista tem usurpado o lugar de Cristo. O secularismo ocidental tem feito isso; ele destrói tudo o que é espiritual. Mas o Sr. Hubbard ainda enfatiza o aspeto espiritual num mundo desespiritualizado, materialistamente agressivo. Porquê acusar o Sr. Hubbard de usurpar o lugar de Cristo quando há tantas evidências deste problema em igrejas cristãs?

Muitas religiões enfatizam «sabedoria» como a base para a liberdade — o budismo, o confucionismo e a literatura de sabedoria no Antigo Testamento. Como é que o teólogo existencialista trata a verdade? Não como uma quantidade absoluta! E a sua literatura é livremente lida, propagada e praticada neste país. E tanto assim é que a própria violência tem um «valor verdadeiro» que a morte de Jesus Cristo na cruz implica violência «santificada»! Escutem com mais cuidado o que as vossas igrejas dizem antes de condenarem outros que nunca se entregaram a tais atrocidades. Estes pontos de vista flutuam hoje em dia em igrejas respeitáveis e assembleias de igreja. Scientology tem-se entregado a tais fantasias? Não.

Ao especificar os deveres ministeriais de um Capelão de Scientology, podem ser feitas comparações com os deveres do capelão cristão. Os deveres de um Capelão de Scientology incluem o seguinte:

«...Prestar auxílio àqueles que foram tratados injustamente e confortar aqueles cujos fardos são demasiado grandes. ... O Capelão leva a cabo serviços quando requerido, regularmente, ao domingo, em casamentos, batizados ou funerais.»

Seria gravemente tendencioso dizer que isto não é comparável a um ministro de religião.

Algumas pessoas consideram que os atributos essenciais a todas as religiões têm de incluir revelação e escrituras sagradas como a fonte de conhecimento de um ser divino. No entanto, isto é um ponto de vista não académico, pois de acordo com estas normas, o budismo não será uma religião — não tem nenhuma forma de revelação e nenhum ser divino. As religiões africanas não têm «revelação» no sentido cristão da palavra e não têm escrituras sagradas e o ser divino é secundário — os antepassados estão na vanguarda. Ainda assim há 4 milhões de seguidores destas religiões na República da África do Sul.

Algumas outras pessoas consideram que uma religião tem de ter uma doutrina de pecado e redenção e a necessidade de redenção. No entanto, as doutrinas de «pecado» variam — de uma religião para outra, é um conceito tribal de restaurar relações sociais perturbadas, para outros está associado a culpa, como no cristianismo. Além disso, não há nenhum conceito de redenção no budismo — só absorção no Nirvana — nem no hinduísmo — só libertação dos ciclos de reencarnação e ao entrar no estado de mocsa. O confucionismo concentra-se apenas em relações sociais corretas. Outro ponto de vista de religião defendido nalguns lugares é que ela tem de conter alguma forma de oração ou sacrifício para implorar o favor do Ser Divino e prestar-lhe homenagem. Mais uma vez, isto é ver a questão do que é uma religião só do ponto de vista cristão. Muitas religiões não têm orações especiais a um ser divino. Até mesmo no cristianismo, teólogos tais como o bem conhecido Ernst Fuchs não rezam a Deus porque eles afirmam que Deus sabe tudo sobre o que um homem precisa. Eles só podem dizer «obrigado» por bênçãos recebidas. Outro atributo de religião considerado essencial por alguns é alguma forma de escatologia ou expectativa do que está por vir. Isto também é uma visão muito limitada em termos de qualificação do que a religião é.

Até mesmo dizer que Scientology é uma religião sem Deus e sem reverência por um poder mais alto é uma afirmação questionável porque é manifestamente incorreta, como é evidente pelo que foi dito anteriormente neste artigo. Scientology também afirma ter a resposta para questões como: «Quem sou eu?» «De onde é que eu venho?» «O que é a morte?» «Existe um além?» Uma pessoa que estude Scientology depressa sabe que não precisa de morrer para descobrir o que ela é ou para onde vai depois da morte, pois a pessoa pode experimentar tudo isso por si mesma, sem persuasão de hipnotismo ou «fé». «Pela primeira vez desde o princípio dos tempos existe uma coisa que, neste período de uma vida, entrega as respostas às perguntas eternas e também entrega imortalidade.» O budismo dirá o mesmo. E o budismo é uma religião.

Que Scientology difere do cristianismo é óbvio, mas isso não significa que não é uma religião ou uma igreja.

Dizer que professa um Ser Supremo mas «não o adora» poderia ser dito da maior percentagem de pessoas na Alemanha e França que navegam sob a bandeira do cristianismo e a igreja, mas nunca leem a Bíblia e nunca adoram Deus.

O «impulso em direção ao infinito», a Oitava Dinâmica, não é limitado só ao plano humano. Podemos salientar que «pecado» no contexto de Scientology é pensamentos errados, disposição errada para a vida, constituição mental errada. O homem é basicamente bom para muitas igrejas, além da Igreja de Scientology.

No que diz respeito a padrões absolutos de bem e mal, há várias abordagens à ética cristã — concordemos ou não com ela. Muitas igrejas propagam uma ética existencialista, até mesmo permissiva, onde não são aceites normas absolutas (ou ética presumível). Poderíamos mencionar aqui uma variedade de autores. A ética presumível tinha dado lugar à ética situacional existencialista, como acontece em filosofia onde o imperativo categórico de Immanuel Kant já não se aplica.

Sem definir religião, o segundo parágrafo do Credo diz «que todos os homens têm direitos inalienáveis às suas próprias práticas religiosas e ao seu desempenho». Este «direito inalienável» enfatiza o direito de cada um à expressão da sua fé.

Alguns criticaram o Credo de Scientology como uma declaração de direitos humanos e não uma profissão de fé. Esta crítica também é generalização típica. Sem definir religião, o segundo parágrafo do Credo diz «que todos os homens têm direitos inalienáveis às suas próprias práticas religiosas e ao seu desempenho». Este «direito inalienável» enfatiza o direito de cada um à expressão da sua fé. Continuamos a ler «que o estudo da mente e a cura de doenças com causas mentais não deveriam ser alienados da religião ou permitidos em campos não religiosos». Esta importante declaração realça um aspeto da nossa moderna civilização orientada «racionalmente» com a sua ciência e tecnologia que tem recebido muito pouca atenção nas suas igrejas estabelecidas. Uma grande percentagem da humanidade moderna sofre de deficiências psíquicas e as religiões deviam tomar este fenómeno a sério.

No seu credo, Scientology confessa que Deus tem a seu cargo os direitos do homem. Ele é o árbitro. Se ele não é um Deus pessoal para o Scientologist, como é que ele poderia cumprir esta função?

A ênfase aqui em que o espírito salva uma pessoa e cura o corpo refere o espírito em associação com a Oitava Dinâmica. Em Scientology o indivíduo é continuamente aconselhado a ultrapassar as suas limitações, coisa que ele sozinho não consegue alcançar. Mas porquê criticar Scientology por uma coisa que a filosofia existencialista introduziu em certas estirpes de teologia cristã e que enfatiza que «o homem, fazendo as sua próprias escolhas, molda o seu próprio destino»? Para muitos teólogos existencialistas este destino não vai além de «aqui e agora». O Céu está aqui e o destino final do homem não vai além da esfera final. Para estes existencialistas franceses, o destino do homem aqui é tão importante que se a liberdade de expressão e desenvolvimento for restringida ele deve usar meios violentos. O Conselho Mundial de Igrejas deu à violência uma «base teológica» na sua reunião de Uppsala, Suécia, em 1968. Será que existe tal resolução na literatura de Scientology? Eles consideram o «horizontal» tão importante que o indivíduo não vai além dele mesmo! Tudo em Scientology aponta para o facto de que o homem tem de superar as suas limitações indo além de si mesmo — isto está profundamente embutido no conceito de thetan. A ênfase é posta na imortalidade do homem.

Tudo em Scientology aponta para o facto de que o homem tem de superar as suas limitações indo além de si mesmo — isto está profundamente embutido no conceito de thetan. A ênfase é posta na imortalidade do homem.

Donativos para serviços de Scientology: Porque é que Lutero reagiu a Tetzel? Porque ele deu dinheiro aos pobres? Ou porque é que a igreja o usava para extorquir dinheiro dos camponeses empobrecidos? Então e as grandes quantias para tirar Toub do purgatório? Mais perto de casa: então e o sistema de «bilhete» das igrejas missionárias? Se um membro não paga a sua quota da igreja a comunhão é-lhe negada.

Tem sido por vezes injustamente alegado contra Scientology que o requisito básico de filiação da igreja é a fé e não subscrições de membros. Este é o ideal de algumas igrejas, mas mesmo nestas nem sempre é assim. Quão ricos parecem alguns ministros de religião face à pobreza do seu rebanho?

Aplicando o requisito acima à história da igreja ao longo dos séculos, muitas igrejas ficarão pelo caminho. Então e os honorários mesmo hoje por realizar serviços de batismo, casamentos, funerais? Então e as «estipêndios» exorbitantes de alguns ministros face à pobreza dos seus rebanhos?

Então e o «imposto da igreja» na Alemanha, por exemplo? Qualquer pessoa pode ser isenta da dedução no seu salário para suportar a igreja, mas se for não terá um casamento na igreja, não pode batizar um filho na igreja, e não pode ter um enterro da igreja. Podemos apontar um número de igrejas aqui e no estrangeiro que dão mais ênfase ao «aspeto comercial» das atividades da igreja do que à sua preocupação espiritual.

Se Scientology procura reconhecimento como uma igreja meramente por uma questão de política, então e os aspetos religiosos deste movimento? O Homem não é religioso por escolha, ele é um homo religiosus, um ser religioso, pois ele é um ser social. Nega-se a Scientology este aspeto humano da existência e ela é posta na infeliz posição de ter de provar a sua religiosidade àqueles que a refutam. É por isso que ela dá ênfase a este aspeto. Supõe-se que teria sido mais fácil se eles se curvassem perante uma vaca sagrada, um deus macaco, um deus elefante, uma serpente ou uma rã. Teria sido mais fácil julgar se são religiosos do que quando eles entram no contexto do homem moderno com a sua ênfase em tecnologias e técnicas modernas, independentemente de serem usadas correta ou incorretamente.

É incorreto dizer que Scientology não é uma religião mas meramente uma filosofia. Tem todos os atributos de uma religião, i.e., a análise objetiva do fenómeno «religião». No entanto, não é uma igreja cristã e não se esforça por ser. É uma comunidade religiosa e qualquer comunidade religiosa pode legitimamente ser considerada como uma igreja.

Quais são as normas vigentes na República da África do Sul onde testemunhas de Jeová, mórmones, quakers, unitaristas e outros praticam a sua fé e recebem reconhecimento? Pedir ao Estado que aceite apenas a definição cristã do que é uma igreja ou religião é limitar estes conceitos de tal maneira que prejudicará os próprios conceitos de liberdade religiosa neste país.

Como um membro da Igreja Holandesa Reformada a pessoa aceita as crenças da Igreja Holandesa Reformada, mas como académico ela tem de sublinhar que isto é inaceitável como uma norma para o estado. Se Scientology não é subversiva, se age como um corpo religioso sem causar dano a ninguém (muita da crítica contra este grupo provou ser infundada e ela recebeu reconhecimento em muitas partes do mundo; e como qualquer igreja ela também teve indivíduos irresponsáveis que agiram incorretamente nas suas capacidades individuais), Scientology deve receber reconhecimento como um corpo religioso e ser tratada da mesma maneira que uma igreja reconhecida.

G. C. Oosthuizen
África do Sul
1977

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