O moderno estudo académico de religião que emergiu nos
Ao mesmo tempo, havia um reconhecimento de que nas tradições religiosas da humanidade havia uma dimensão que transcendia o mundano. No entanto, essa dimensão ou realidade foi designada de muitas maneiras. Enquanto os cristãos podiam esforçar-se pela «união com Deus», os muçulmanos procuravam «submissão a Alá», os budistas estavam mais inclinados para alcançar «o esclarecimento interior ou satori», os hindus mais dirigidos para realizar o «eterno atman ou Eu» e os jainistas
Embora o Cristianismo Ocidental Protestante possa ter dado ênfase especial à crença como fundamental na religião, outras tendências da vida religiosa, cristãs e
Desta maneira, o estudo moderno da religião foi levado a reconhecer uma outra dimensão da vida religiosa, nomeadamente, a dimensão ritual. Ritos e rituais são atos estruturados da comunidade religiosa para facilitar a comunhão com as dimensões Supremas da vida. Em algumas das tradições chinesas, os ritos eram considerados essenciais para manter a ordem do cosmos e eram eventos elaborados que se prolongavam por vários dias. Algumas tradições religiosas minimizam o papel do ritual, e.g., os cristãos quakers, mas mesmo aqui eles consideravam que a «reunião em silêncio» é essencial para a sua comunidade. Embora a dimensão ritual varie muito de tradição para tradição — e mesmo dentro de uma dada tradição como é evidenciado no esplendor ritual do cristianismo ortodoxo e na simplicidade ritual do templo menonita — ela é uma dimensão presente na vida religiosa da humanidade.
Estes elementos de crença, prática e ritual não permanecem maravilhosamente isolados, antes
Foi à luz destas considerações que emergiu no estudo moderno da religião uma compreensão de religião como uma comunidade de homens e mulheres unidos por um complexo de crenças, práticas, comportamentos e rituais que procuram, através deste Caminho, relacionar o humano com vida sagrada/divina. É essencial, no entanto, compreender que cada dimensão desta definição de religião — comunidade, crença, prática, comportamento, ritual, Caminho e divino — será compreendida (a) nos termos específicos de uma determinada tradição religiosa e (b) com ênfase relativamente maior nuns elementos do que noutros numa dada tradição. Assim, por exemplo, a dimensão «comunidade» da religião poderá receber mais ênfase no judaísmo ortodoxo do que no taoísmo ou até mesmo em outras vertentes do judaísmo. Da mesma maneira, a dimensão divina poderá ser compreendida como uma Realidade Transcendente como acontece no judaísmo ou como um Eu imanente, embora irrealizado, como acontece em muitas escolas hindus. No entanto estas variações não invalidam a definição de religião, elas refletem simplesmente a variedade de fenómenos religiosos que devem ser tratados numa moderna descrição académica de religião.
É à luz do que acima se diz que podemos então perguntar se Scientology é ou não uma religião. A resposta breve é «sim, é». Podemos tornar isto mais claro se agora pegarmos na compreensão de religião acima e examinarmos o caso de Scientology.
Na Igreja de Scientology, encontramos um conjunto próprio de crenças religiosas sobre o sentido e fim último da vida humana? Até a mais superficial familiaridade com a comunidade de Scientology e a sua literatura nos leva a dar uma resposta afirmativa.
De acordo com a sua própria literatura, Scientology é «uma filosofia religiosa aplicada e tecnologia que resolve problemas do espírito, da vida e do pensamento». De acordo com Scientology, esses «problemas do espírito, da vida e do pensamento» não são permanentes e podem ser superados.
De acordo com a sua própria literatura, Scientology é «uma filosofia religiosa aplicada e tecnologia que resolve problemas do espírito, da vida e do pensamento». De acordo com Scientology, esses «problemas do espírito, da vida e do pensamento» não são permanentes e podem ser superados. Em Scientology, essa superação dos «problemas do espírito, da vida e do pensamento» está centrada em consciência e conhecimento. No centro dessa consciência e conhecimento estão o thetan e as Oito Dinâmicas. Cada uma destas coisas requer uma breve clarificação a fim de indicar alguns aspetos centrais da crença de Scientology.
De acordo com Scientology, a nossa humanidade é composta de diferentes partes: o corpo, a mente e o thetan. O thetan em Scientology é análogo à alma no cristianismo e ao espírito no hinduísmo. Parte do problema da vida é que os seres humanos perderam a consciência da sua verdadeira natureza. Em Scientology, isto significa uma consciência de si mesmos como thetans. No entanto, a consciência e o conhecimento de si mesmo como um thetan é essencial para o
Visto que a consciência da pessoa como thetan foi obscurecida por «engramas» ou perdida no meio das confusões de thetan com o corpo e/ou a mente, uma tarefa religiosa principal é recuperar a espiritualidade da pessoa. Isso é essencial visto que «o thetan é a fonte de toda a criação e a própria vida». Esta consciência então é o primeiro estádio na prática de um caminho religioso que nos irá levar a ficar Clear, em termos de Scientology. Como, de acordo com Scientology, os seres humanos se tornam conscientes da sua verdadeira natureza e dos círculos concêntricos de realidade, então, os Scientologists acreditam que podem prosseguir, livre e criativamente através das Oito Dinâmicas da vida. (Ver O Que é Scientology?, edição de 1992)
A mensagem básica da vida, de acordo com Scientology, é a sobrevivência ao longo das Oito Dinâmicas. A primeira dinâmica é o «Eu» ou a dinâmica da vida para sobreviver como um indivíduo. Esta primeira dinâmica existe dentro de círculos de existência cada vez maiores que se estendem até à oitava dinâmica ou Infinito. Dado que a delineação das Oito Dinâmicas é fundamental para Scientology, é conveniente delinear cada «dinâmica» em poucas palavras. Como foi indicado, as dinâmicas começam com a existência do indivíduo ou o «Eu» e o seu impulso para sobreviver e prosseguir através da segunda dinâmica a que Scientology chama «criatividade» ou «fazer coisas para o futuro», e que inclui a família e a criação dos filhos. A terceira dinâmica é a «Sobrevivência do Grupo», aquele compartimento da vida que envolve comunidades de voluntários, amigos, empresas, nações e raças. A quarta dinâmica é «a espécie da humanidade» ou o impulso para a sobrevivência através de toda a humanidade e como toda a humanidade. A quinta dinâmica é «formas de vida» ou «impulso de todas as coisas vivas» em direção à sobrevivência. A sexta dinâmica é o «universo físico». A sétima dinâmica é a «dinâmica espiritual», o impulso «para a própria vida sobreviver». A oitava dinâmica é «o impulso para a existência como infinito», ou aquilo a que outros chamam «um Ser Supremo ou Criador». «Um conhecimento das dinâmicas permite que a pessoa mais facilmente inspecione e compreenda qualquer aspeto da vida.» (O Que é Scientology?, edição de 1992, p.149.) É dentro da vida como um todo, ou ao longo das Oito Dinâmicas em termos de Scientology, que a jornada e tarefa religiosa se desenrola.
É particularmente dentro da Oitava Dinâmica que se encontra a afirmação de Scientology daquilo «a que outros chamam» o Ser Supremo ou Criador. Mas Scientology prefere o termo «Infinito» para falar de «a totalidade de tudo». A reticência de Scientology em relação ao «Infinito» tem os seus paralelos noutras tradições. Perante o Supremo Mistério, místicos de todas as tradições aconselham contenção, até mesmo silêncio.
As crenças de Scientology em relação ao thetan têm paralelo noutras tradições religiosas, assim como a sua crença nas Oito Dinâmicas e a suprema natureza espiritual das coisas. A busca religiosa de Scientology é mais análoga aos processos orientais de esclarecimento e realização do que versões ocidentais de busca religiosa que tendem a dar ênfase a submissão à Vontade Divina. Alguns estudiosos até sugerem que em Scientology temos uma versão de «budismo tecnologizado» (Ver F.Flinn em J.Fichter, ed., Alternatives to American Mainline Churches [Alternativas às Principais Igrejas Americanas], Nova Iorque, 1983), enquanto outros enfatizam os seus paralelos com as práticas orientais de desenvolvimento da mente. Mas na sua crença nas Oito Dinâmicas também se pode ver um paralelo com a visão medieval da Jornada da Alma para Deus que culmina na identificação com o Mistério Último, Deus.
No budismo o problema e processo é ir de não esclarecido para esclarecido e no cristianismo de pecador para redimido, enquanto, em Scientology, é avançar de «preclear» para «Clear» e além. Aqui o estado de Clear é compreendido como uma consciência da natureza espiritual da pessoa e liberdade espiritual realizada, liberta das cargas de experiências passadas e capaz de viver uma existência moral racional.
Como algumas outras tradições religiosas, Scientology vê a busca religiosa em termos largamente
Associada às crenças descritas acima existe uma prática e caminho religioso. Esta dimensão de Scientology é muitas vezes descrita, nos seus termos, como «tecnologia» ou os métodos de aplicação dos princípios. Fundamental na prática religiosa de Scientology é o fenómeno da audição, considerada como um sacramento pelos Scientologists.
Tais práticas têm paralelos nas disciplinas espirituais de outras tradições que também procuram despertar a natureza espiritual interior da pessoa. Embora a tecnologia do
Além disso, os Scientologists acreditam precisamente que
A prática dos Scientologists
A religião não é apenas um conjunto de crenças, ritos e práticas, também é uma comunidade de pessoas que estão juntas por tais crenças, práticas e ritos. Em Scientology também encontramos esta dimensão da vida religiosa. Em muitas partes do mundo encontramos grupos de Scientologists que se reúnem regularmente como uma comunidade religiosa. Ali encontramos sermões, leitura da Escritura de Scientology, audição de palestras gravadas de
À luz desta revisão de Scientology em relação aos elementos da definição científica moderna de religião, é evidente que Scientology é uma religião.
Conclusão: À luz desta revisão de Scientology em relação aos elementos da definição científica moderna de religião, é evidente que Scientology é uma religião. Tem as suas próprias crenças distintivas e descrição de uma ordem espiritual invisível, a sua própria prática religiosa e vida ritual distintiva, tem os seus próprios textos autoritários e atividade de construção da comunidade.