Outra classe de definições caracteriza a religião pelas consequências que esta tem em outras áreas da vida. As primeiras definições funcionais da religião surgiram do trabalho de Emile Durkheim e colocam a ênfase nos sentimentos de solidariedade que as cerimónias religiosas evocam e os seus efeitos sobre a coesão social e unidade comunal. Estas definições têm sido criticadas com base no facto de que, por um lado, frequentemente existem várias religiões na mesma sociedade, pondo em questão a função coesiva da religião para a comunidade como um todo e, por outro lado, outros símbolos e rituais não religiosos, como os pertencentes à nação, estado ou grupo étnico, podem servir a mesma função de criar laços de solidariedade e sentimento de comunidade.
Na realidade um certo número de cientistas sociais definem religião pelas suas consequências, não na vida social, mas na vida pessoal dos indivíduos. Estes autores definem a religião como «uma combinação de formas e atos simbólicos que relacionam o indivíduo com as condições supremas da sua existência» (Bellah 1964:358) ou como «um sistema de crenças e práticas através do qual um grupo de pessoas enfrenta os problemas fundamentais da vida». (Yinger 1970:7) Tais problemas fundamentais incluiriam: a perceção de injustiça, a experiência do sofrimento e a consciência do que está omisso na vida, em termos de significado e propósito. As religiões propõem dois tipos de respostas para estes problemas da humanidade. Por um lado, elas oferecem explicações para eles,
A partir da atual perspetiva funcionalista, uma religião é portanto uma combinação de crenças que dão significado a problemas fundamentais, como a injustiça, o sofrimento e a busca do significado da vida e uma combinação de práticas através das quais estes problemas são encarados, com a intenção de os superar. Perguntar se Scientology se encaixa nesta definição é portanto investigar se esta apresenta uma combinação de práticas destinadas a superar estes problemas fundamentais da vida e um sistema de crenças religiosas que servem para os explicar.
No que diz respeito a isto, é possível observar, em primeiro lugar, que a prática central de Scientology, audição, é apresentada essencialmente como uma maneira de superar o sofrimento. Esta afirma que através de uma participação ativa e voluntária na audição a capacidade para enfrentar os problemas da existência, os resolver e alcançar níveis de consciência e
Scientology postula que através da sua prática e treino as pessoas irão libertar-se de sofrimento, como medos irracionais e doenças psicossomáticas, ficarão mais calmas, num estado de maior equilíbrio, mais enérgicas e comunicativas, irão reparar e revitalizar as suas relações com os outros, alcançar os seus objetivos pessoais, descartar as suas dúvidas e inibições e adquirir certeza e confiança em si mesmas, sentir alegria e compreender claramente como alcançar a felicidade. Em suma, Scientology
Outro dos elementos que está incluído nas definições funcionais correntes de religião, é a concessão de um significado ou explicação para os problemas fundamentais da vida. Através da explicação das razões para o sofrimento humano, a maioria das religiões alivia de forma indireta as tensões que tal sofrimento produz. Para os seguidores de tais religiões, os problemas da vida são menos percecionados, como que sem sentido, injustos e inexplicáveis, isto por terem adquirido um significado. As explicações doutrinais para o sofrimento dão, ao mesmo tempo, um fundamento para a justificação de práticas religiosas destinadas a superar o sofrimento: a ação de postular as causas dos problemas da vida pode ser considerada como a base para o desenvolvimento de programas de ações para os superar.
No que diz respeito a isto,
«O Homem não é um animal reativo. Ele é capaz de autodeterminismo. Ele tem força de vontade. Tem habitualmente uma capacidade analítica elevada. É racional, feliz e integrado apenas quando ele é a sua própria personalidade básica.
«O estado mais desejável de um indivíduo é o autodeterminismo completo. (…)
«A mente reativa consiste numa coleção de experiências recebidas durante um momento
«Quando um ferimento ou doença suplanta a mente analítica, produzindo o que é vulgarmente conhecido como “inconsciência”, e quando a dor física e o antagonismo à sobrevivência do organismo estão presentes, o indivíduo recebe um engrama. […]
«Despojando a mente reativa do conteúdo doloroso do seu passado, a mente analítica pode ser colocada no comando total do organismo.
A partir do momento em que um homem ou um grupo se torna possuidor desta capacidade, ele
Por isso, em Scientology, o ser humano é basicamente bom, feliz e integrado, e a raiz da sua infelicidade é encontrada nos engramas. Assim, a prática de audição é proposta como o único meio adequado para remover os engramas do indivíduo e que lhe permite
Em suma, Scientology fornece uma resposta para o sofrimento humano,
Em suma, Scientology fornece uma resposta para o sofrimento humano,
Scientology também dá uma resposta à experiência da injustiça quando percecionada como uma distribuição desigual de capacidades entre os homens, postulando que a perda de capacidades é devido, pelo menos em parte, às transgressões e irresponsabilidades do passado. Ao mesmo tempo, dá uma solução para esta perda,
«Escusado será dizer que a ética é um tema que os Scientologists levam muito a sério. À medida que o ser avança pela Ponte e se torna cada vez mais ele próprio, ele
«Ele também sabe que as capacidades que está a recuperar foram perdidas, em parte, devido às transgressões e às irresponsabilidades. Assim, a honestidade, a integridade, a confiança e a preocupação pelos seus semelhantes são mais do que apenas palavras. São princípios pelos quais se vive.» (O Manual de Scientology, lxxxviii)
Consequentemente, Scientology