VI.I. A Igreja de Scientology como Uma Religião Nova
A Igreja de Scientology é um de muitos novos movimentos religiosos que abraçam características que correspondem em certos aspetos a algumas das tendências evidentes na religião ocidental dominante (como referido acima nos Parags.V.I.–V.IV.). Emprega linguagem que é contemporânea, coloquial e não mística, e apresenta os seus dogmas como questões de facto objetivo. O seu conceito de salvação tem uma dimensão próxima e também uma dimensão absoluta. O vasto interesse que despertou entre o público dos países avançados do mundo ocidental
VI.II. O Meu Conhecimento de Scientology
Comecei a ler a literatura produzida pela Igreja de Scientology
Manual para Preclears
Scientology
Scientology
Compreender o
Dianética: A Tese Original
Dianética: O Poder da Mente sobre o Corpo
Teste de Memória da Linha do Tempo Completa
Os Problemas do Trabalho
Autoanálise
A Criação da Capacidade Humana
As Conferências de Phoenix
Os Axiomas de Scientology
Procedimento Avançado e Axiomas
Scientology: Uma Nova Perspetiva sobre a Vida
O Carácter de Scientology
Cerimónias da Igreja Fundadora de Scientology
A Religião de Scientology
Ciência da Sobrevivência
Introdução à Ética de Scientology
O Caminho para a Felicidade
Descrição da Religião de Scientology
O Que É Scientology?
O Manual de Scientology
Em trabalhos que escrevi sobre novas religiões, fiz referência a Scientology em várias ocasiões, e incluí uma breve descrição desta religião no meu livro, Religious Sects (Seitas) (Londres: Weidenfeld, 1970), e uma discussão mais longa sobre o carácter religioso de Scientology no meu livro, The Social Dimensions of Sectarianism (As Dimensões Sociais de Sectarismo) (Oxford: Clarendon Press, 1990). Tenho mantido o meu interesse no movimento durante os últimos vinte e seis anos.
VI.III. Dianética — A Génese de Scientology
Quando, em maio
VI.IV. Cura Mental e Religião
A prática terapêutica, no entanto, tem muitas vezes manifestado um potencial para adquirir afiliações metafísicas e religiosas como, de maneiras diferentes, se pode ver na Ciência Cristã, no movimento do Novo Pensamento e nas técnicas de ioga. Por outro lado, as religiões estabelecidas desenvolveram, por vezes, atividades especializadas relacionadas com a cura, particularmente a cura mental, e as grandes igrejas às vezes têm departamentos organizados para esse fim. A Dianética não invocou princípios religiosos no início, mas à medida que a legitimação teórica para a prática se tornou elaborada, uma dimensão metafísica foi crescentemente reconhecida e algumas das ideias apresentadas passaram a ser descritas em termos que claramente tinham implicação religiosa.
VI.V. Como as Religiões Evoluem
Todas as religiões são um produto de evolução. Nenhuma religião apareceu como um sistema completo de crença e prática num dado momento do tempo. Nisso, a Scientology não é exceção: de um corpo de teoria terapêutica
Todas as religiões são um produto de evolução. Nenhuma religião apareceu como um sistema completo de crença e prática num dado momento do tempo. Nisso, a Scientology não é exceção: de um corpo de teoria terapêutica desenvolveu-se uma religião.
A igreja Adventista do Sétimo Dia tem as suas raízes na crença amplamente difundida mesmo no princípio do advento de Jesus Cristo que ocorreu entre batistas, presbiterianos, metodistas e outros no norte de Nova Iorque na década
VI.VI. Doutrina de Scientology — O Desenvolvimento
da Metafísica
É necessário, mesmo à custa de alguma possível repetição no que se segue, definir em termos gerais uma declaração abrangente dos principais ensinamentos da Scientology e indicar até que ponto esses princípios de crença constituem um sistema religioso coerente. Scientology nasceu de um sistema terapêutico concentrado mais estreitamente, a Dianética. Tem sido sugerido que este termo foi uma combinação de dia = através, e nous = mente ou alma, e assim constituiu, mesmo que inicialmente não fosse de modo totalmente consciente, uma perspetiva religiosa. Com a incorporação da Dianética no contexto mais amplo da Scientology, foi articulado um conceito muito mais amplo de um sistema metafísico abrangente que tornou evidente a natureza fundamentalmente religiosa desta filosofia. Embora a aplicação imediata da Dianética tenha sido — como a dos ensinamentos de Cristo durante a sua vida — na esfera da cura mental, o propósito dos ensinamentos subsequentes, que explicavam e promoviam essa atividade terapêutica, implicou uma crescente perceção de ideias e valores espirituais.
O postulado básico de Scientology é que o homem é, de facto, uma entidade espiritual, um thetan que sucessivamente ocupa corpos materiais humanos.
VI.VII. Doutrina de Scientology — O Thetan
e a Mente Reativa
O postulado básico de Scientology é que o homem é, de facto, uma entidade espiritual, um thetan que sucessivamente ocupa corpos materiais humanos. O thetan é uma expressão individual de theta, que se entende como vida ou a fonte da vida. Definido livremente, o thetan é a alma, mas é também a pessoa real, a identidade que continua e persiste e que transcende o corpo que habita.
VI.VIII. Doutrina de Scientology — Reencarnação e Karma
VI.IX. Doutrina de Scientology — As Oito Dinâmicas
A existência, de acordo com Scientology, pode ser reconhecida em oito divisões diferentes de ordem de magnitude ascendente, sendo cada uma designada como uma dinâmica. Em resumo estas são: 1ª, a dinâmica do «eu», o impulso do «eu» para a existência; 2ª, a dinâmica do sexo, que incorpora tanto o ato sexual como a unidade familiar e a manutenção da família; 3ª, a vontade de existência que se encontra num grupo ou numa associação, por exemplo, a escola, a cidade ou a nação; 4ª, a vontade dinâmica da humanidade para manter a sua existência; 5ª, a existência e a vontade de sobreviver de todo o reino animal, que inclui todas as entidades vivas; 6ª, o impulso para a existência de todo o universo físico de matéria, energia, espaço e tempo; 7ª, «o impulso para a existência como espíritos ou de espíritos», que inclui todos os fenómenos espirituais, com ou sem identidade; e por fim, a 8ª dinâmica: o impulso para a existência como infinito. Esta dinâmica é identificada como o Ser Supremo, que também pode ser chamada a «dinâmica de Deus.» Scientology
VI.X. Doutrina de Scientology — Terapia e Comunicação
Como em outras religiões, a preocupação primária e inicial de muitos daqueles que são atraídos para a Scientology é a libertação próxima de sofrimento e angústia imediatos; este é o apelo do elemento terapêutico que se encontra em muitas religiões — e conspicuamente no início do cristianismo — ao lado de ensinamentos mais místicos, metafísicos e espirituais a que os crentes devem chegar à medida que crescem na fé (ver Hebreus, 5:12–14). A maioria dos Scientologists tomaram pela primeira vez conhecimento da possibilidade de melhorar a sua experiência quotidiana e de aumentar a sua inteligência (ganhando controlo crescente da mente reativa). A possibilidade de alcançar tais resultados, através do processo de audição, é representado na formulação
VI.XI. Doutrina de Scientology — Audição
como um Meio de Terapia
A Escala de Tom é a primeira representação para o indivíduo da possibilidade de beneficiar de Scientology, indicando uma subida do tom emocional crónico, como apatia, pesar e medo para entusiasmo (e, em níveis mais avançados, para exultação e serenidade). É para experimentar benefícios deste tipo que muitos são atraídos para Scientology em primeiro lugar. A técnica para esse progresso
VI.XII. Doutrina de Scientology — Meio Racional de Salvação
A filosofia religiosa delineada acima está por trás da prática de Scientology. O próprio Hubbard considerava que esta tinha algumas semelhanças com a filosofia das religiões orientais. Especificamente, ele citou os Vedas, os hinos da criação que fazem parte da tradição hindu, contendo um conceito muito semelhante ao «Ciclo de Ação» de Scientology. O Ciclo de Ação é a ordem de vida aparente desde o nascimento, através do crescimento, decadência e morte, mas através do conhecimento que Scientology disponibiliza, os efeitos maléficos da operação deste ciclo poderão ser evitados. O ciclo pode ser alterado de criação, sobrevivência e destruição, para um ciclo em que todos os elementos podem ser atos criativos: Scientology está empenhada em promover e aumentar a criatividade e vencer o caos e negatividade. Ela reconhece uma «linha do tempo» contínua ou linha de procedência de sabedoria dos Vedas e Gautama Buda para a mensagem cristã, e reivindica alguma afinidade com os ensinamentos de todas estas. Mas embora a sabedoria apresentada, por exemplo no budismo, talvez tenha ocasionalmente permitido que indivíduos alcançassem a salvação numa vida, não havia, então, nenhum conjunto de práticas exatas que assegurassem esse resultado; havia pouca possibilidade de replicação. A obtenção de salvação permaneceu assunto de fatores aleatórios ou sem controlo. A salvação era alcançada, se era, por uns poucos, aqui e ali, uma vez por outra. O que Hubbard pretendia fazer era padronizar, quase rotinar, prática religiosa, e aumentar a previsibilidade de resultados soteriológicos. Essa aplicação de métodos técnicos a objetivos espirituais indica a medida em que Scientology adota técnicas modernas para a realização de objetivos que outrora eram alcançados só espasmódica e ocasionalmente, se eram. Isto é, então, a tentativa de introduzir certeza e ordem em exercícios espirituais e realizações. Scientology procura disciplinar e ordenar a busca religiosa por meio do emprego de procedimentos racionais. Neste sentido, ela fez na era tecnológica muito do que o metodismo procurou fazer uma etapa anterior de desenvolvimento social, tentando persuadir as pessoas de que o objetivo da salvação estava a ser procurado de forma controlada, disciplinada e metódica. Enquanto os métodos dos metodistas ainda eram expressos na linguagem relativamente convencional do cristianismo corrente, os métodos defendidos por Scientology transportam a forte impressão de uma sociedade mais completamente comprometida com procedimentos racionais e tecnológicos. Os meios que Scientology emprega têm sido comparados com o upaya («método correto») do sétimo estádio do Caminho Bodhisattva para a salvação no budismo Mahayana. De acordo com esta versão do Budismo, na sétima etapa, o crente
VI.XIII Doutrina de Scientology — Audição como
Aconselhamento Pastoral
Os meios que Scientology emprega constituem uma forma de aconselhamento pastoral, muito especificamente organizado nas técnicas de audição (do latim audire, ouvir). As técnicas específicas e instrumentos de audição estão organizados como uma tecnologia que constitui a parte central da prática religiosa de Scientology. Este padrão de prática é essencial para todos aqueles que querem experimentar os benefícios redentores da fé, e Hubbard
VI.XIV. Doutrina de Scientology — Etapas de Salvação
As duas etapas principais neste processo de cura e soteriológico são as condições descritas respetivamente como Clear e Thetan Operante. O preclear que encontra Scientology pela primeira vez é perturbado pelos impedimentos mentais de experiências dolorosas e emocionais passadas. A audição procura trazer estes itens para a consciência, fazer o indivíduo comunicar com o seu passado, confrontar esses acontecimentos que deram origem a descarga emocional, e com isto levar o indivíduo até um ponto em que ele transcende essa descarga e pode rever estas perturbações até agora esquecidas com total equanimidade e consciência racional. Os efeitos maléficos de tais coisas são assim dissipados. Bloqueios mentais, sentimentos de culpa e incapacidade, fixação com traumas do passado ou ocasiões incidentais de transtorno emocional, tudo isso é superado. O indivíduo é levado «para tempo presente», isto é, ele é libertado dos efeitos incapacitantes de eventos que ocorreram na «linha do tempo» anteriormente na vida atual do thetan ou em vidas passadas. Ao melhorar a comunicação, a audição leva o thetan para uma condição em que os empecilhos do passado já foram eliminados. Ele é definido como um Clear, um ser que já não tem a sua própria mente reativa, que é autodeterminado, pelo menos com respeito ao seu próprio ser. O Thetan Operante está num nível mais elevado do mesmo processo, visto que ele além disso adquiriu controlo sobre o seu ambiente. Ele já não está dependente do corpo que ocupa por agora:
Para os Scientologists, o aconselhamento pastoral é... uma tarefa sistemática e controlada para promover o autoesclarecimento e conhecimento espiritual.
VI.XV. Papéis Religiosos em Scientology — o Auditor
A assistência religiosa está disponível em Scientology através de quatro agentes relacionados, cujos papéis se complementam e também se sobrepõem em certa medida. Estes funcionários são o auditor, o supervisor de caso, o supervisor de curso e o capelão. O papel do auditor é fundamental: a audição é a técnica vital para a aquisição por fim dessa forma de esclarecimento pela qual o indivíduo é salvo. O auditor é treinado em perícias com que ajuda outros e os ajuda a
VI.XVI. Papéis Religiosos em Scientology — o Supervisor de Caso
A responsabilidade pela aplicação correta dos procedimentos de audição recai sobre o supervisor de caso. Uma das funções mais importantes de um supervisor de caso é a revisão cuidadosa das notas que o auditor tirou da sessão de audição em questão. Estas notas são altamente técnicas, incompreensíveis exceto para um auditor treinado — e consistem em anotações sobre os procedimentos de audição aplicados, as respostas indicadas pelo
VI.XVII. Papéis Religiosos em Scientology —
O Supervisor de Curso
O supervisor de curso é ainda mais fundamental para a prática de Scientology do que o auditor. É o supervisor de curso que treina auditores para os padrões exigentes estabelecidos por Hubbard. O supervisor de curso é um perito nas técnicas de estudo desenvolvidas por Hubbard. Ele é treinado para identificar quaisquer obstáculos à compreensão e resolver quaisquer dificuldades que o estudante de literatura Scientológica possa encontrar. O supervisor de curso assegura que um estudante de Scientology compreenda a teoria de Scientology e, praticando e fazendo exercícios, domine a sua aplicação. Ao contrário de outros supervisores de sala de aula, o supervisor de curso não dá lições nem sugere a sua própria interpretação do assunto de nenhuma maneira. Este ponto é importante porque os Scientologists acreditam que os resultados obtidos em Scientology provêm apenas de seguir minuciosamente as escrituras de Scientology exatamente como foram escritas por Hubbard. Exposições verbais passadas de professor para estudante, por mais involuntárias que sejam, envolvem inevitavelmente alteração do material original. Assim, o supervisor de curso é necessariamente um perito em reconhecer a situação quando um estudante se depara com um problema, e em
VI.XVIII. Papéis Religiosos em Scientology — O Capelão
As igrejas e missões de Scientology têm um capelão cada uma. Este é um auditor treinado, e o curso ministerial é uma parte essencial do seu treino. Esse curso apresenta Scientology como uma religião, como um meio pelo qual os homens podem alcançar a salvação. Inclui uma introdução aos ensinamentos das grandes religiões do mundo, treino de conduzir os serviços e cerimónias, estudo do Credo e códigos de Scientology e instrução em ética e tecnologia de audição. O aspeto mais importante do papel do capelão talvez seja o aconselhamento pastoral, não no sentido geral em que tal aconselhamento é fornecido no decurso da audição, mas sim no sentido mais difuso, ouvindo os problemas e dificuldades com que os Scientologists se deparam ao dominar os ensinamentos e técnicas da fé. Os capelães procuram suavizar operações organizacionais, e se chamados para isso, procuram interpretar assuntos morais e mesmo familiares de acordo com princípios Scientológicos. No seu funcionamento dentro de uma organização de Scientology, eles agem muito como um bispo capelão na igreja estabelecida. O capelão serve como celebrante nos ritos de passagem realizados na Igreja (batismo, casamento e ritos funerários). Em serviços semanais (realizados, por conveniência geral, aos domingos), o capelão ordena o serviço, sobre o qual ele exerce alguma discrição geral. Dentro do serviço, ele também preenche um papel de pregação, muito semelhante a um ministro não conformista, e aqui a sua função é de expositor (em vez de orador). O seu discurso está sempre rigorosamente relacionado com os ensinamentos e aplicação dos princípios da fé.
VI.XIX. Meios Técnicos para Objetivos Espirituais — Uma Religião
Não uma Ciência
Para compreender o funcionamento de Scientology e dos seus profissionais religiosos, é necessário reconhecer que Scientology associa meios técnicos a objetivos espirituais. A sua ênfase na técnica, o seu uso de linguagem técnica e a sua insistência em procedimento sistemático e ordem detalhada não deve obscurecer a natureza espiritual e soteriológica das suas preocupações últimas. Scientology é uma religião que surgiu num período dominado pela ciência; os seus métodos trazem a marca da época em que surgiu. Parte do seu compromisso fundamental é a ideia de que o homem precisa de pensar racionalmente, e de controlar as suas próprias emoções poderosas porém perturbadoras. Só desta maneira é que o homem alcançará o completo